quarta-feira, 14 de março de 2007

A revolução dos Blogs

Antigamente, a marca construía grande nomes do jornalismo. Hoje é ao contrário - os grandes nomes constroem a marca. Explico - antes bastava trabalhar em um grande jornal para já ter meio caminho andado e ganhar uma grande influência. Para fazer nome no jornalismo, você precisava bater na porta da Folha, do Estadão, da Globo... Hoje, é diferente.

Você constrói o seu nome, a sua marca na rede. Você não precisa passar por esses locais para ter o seu selo de "credibilidade". Isso é uma evolução e tanto no jornalismo. Talvez o grande efeito dos blogs no jornalismo. Ajuda a dar uma respirada e a colocar novas opiniões e atores no mercado de idéias. O problema é que uma parte dos jornalistas da grande mídia e da própria web não aceitam isso. Não querem largar o osso. E insistem em ocupar todos os espaços.

* Outro problema é que parte do público e os sites de notícias, em sua maioria, ainda não perceberam isso. E ainda apostam em 'grandes nomes do jornalismo'. Tentam transformar colunistas da velha mídia em blogueiros.

Mal sabem que as idéias e o novo jornalismo acontecem em blogs de pessoas relativamente desconhecidas e que talvez não atraiam tanto tráfego para os seus sites, pois esses blogs fazem parte da cauda longa. Trabalham de outra forma, descentralizada e com pequenas audiências.
Existem jornalistas da velha mídia e da própria web com medo de perder o seu ossinho

* A blogosfera norte-americana é bem diferente da brasileira, é mais combativa, já conseguiram derrubar políticos e grandes figurões da velha mídia. Isso acontece por vários motivos - além das diferenças culturais, comentadas pela Daniela Bertocchi, na entrevista abaixo, e do mercado de internet ser bem maior lá, a blogosfera norte-americana foi iniciada por pessoas mais velhas - advogados e geeks adultos.

Lá os blogs surgiram porque o pessoal já estava de saco cheio da cobertura da imprensa ora tendenciosa para esquerda, ora para a direita. Os blogs foram criados, portanto, para fazerem um contraponto à grande mídia. Aqui aconteceu diferente. Os blogs surgiram, em um primeiro momento, como uma forma de diversão, terapia, hobby, de autopromoção. É lógico que esse cenário está mudando um pouco aqui, no Brasil.


Depois de ler o livro do jornalista Hugh Hewitt sobre o surgimento da blogosfera política norte-americana, uma das mais vibrantes e barulhentas, fiz algumas anotações, alguns pensamentos. Certas idéias estão no livro; outras, não. Compartilho com vocês.

* Os maiores afetados pelo surgimento dos blogs não são os jornais impressos. As suas vendas estão em queda desde 1940. É lógico que se acentuou com a internet. Os que mais perdem são as revistas, com suas páginas de opinião, e a TV. Hoje, as opiniões e os enfoques [e quem sabe, textos] mais interessantes já estão virando exclusividade da blogosfera.

* Blogs não são uma revolução. Mas uma evolução das tecnologias de comunicação. Eles vêm do mesmo DNA da invenção da imprensa por Gutenberg, no século XV. Na verdade, estamos no meio de uma evolução maior em relação à comunicação. Depois dos blogs, surgirá outra tecnologia de comunicação ainda desconhecida e mais vibrante. Estamos no meio disso tudo, participando e se divertindo bastante.

* A melhor conquista de um blogueiro é colocar alguém no ofício. Ou seja, uma pessoa resolve montar um blog após ler e acompanhar o seu. Você é uma referência.
* Sucesso é uma coisa relativa na blogosfera. Tudo depende do uso que você faz para o seu blog [a sua folha de papel A4]. Por exemplo, se você montou um blog para que os seus netos leiam daqui a não sei quantos anos? Ou ainda somente para a sua família ler? Tráfego e ranking no Google serão coisas relativas nestes casos.

* Blogueiros são muito mais produtivos que a velha mídia. Postam várias vezes ao dia independentemente do horário. Esse é um dos aspectos que a velha mídia menos gosta nos blogs e que causa mais medo. Fazem mais por menos. E é isso que faz os blogs mais vibrantes. São opiniões e idéias disponíveis 24 horas.

* A primeira geração de blogueiros [1997 para frente] é individualista. Não fazem ações coordenadas com outros blogs. A segunda geração será mais aberta a conversas e a ações interblogs. Aliás, Hewitt aposta que a próxima grande batalha na mídia não será "blogs X velha mídia", mas "blog x blog".

* Blogueiros são uma espécie de controladores de tráfego e de editores da web. Eles direcionam os leitores para um site específico e que acham interessante. Fazem uma espécie de edição diária da internet, selecionando o que aconteceu de mais interessante em um determinado campo.

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