quarta-feira, 14 de março de 2007

A revolução dos Blogs 2

Livro do 'movimento blogueiro'

Terminei de ler a tradução do livro Blog: Entenda a revolução que vai mudar no seu mundo, do jornalista norte-americano Hugh Hewitt. Muito bom por sinal.

Mais tarde posto minhas impressões sobre o livro. Até!

enviada por Tiago Dória
(comentar) | (envie esta mensagem) | (link do post)



12/03/2007 15:41

Memorial



Já que hoje estou postando sobre a blogosfera e o Twitter, vale lembrar a bonita homenagem [memorial] feita ao Gabriel Pillar [1984-2006], do Insanus, um dos pioneiros da blogosfera brasileira e que encerrou a sua passagem por aqui no ano passado.

O jornalista Emanuel Mattos organizou uma compilação com homenagens ao Gabriel. Está aqui [em formato pdf].

enviada por Tiago Dória
(comentar) | (envie esta mensagem) | (link do post)



12/03/2007 13:56

Entrevista com Daniela Bertocchi, do Intermezzo


Bertocchi na defesa de sua tese de mestrado em fevereiro

Considerada uma das tecnologias de comunicação mais significativas depois da invenção da imprensa, os blogs completam, oficialmente, 10 anos em abril. Desde o começo do ano, diversos artigos estão sendo publicados sobre o assunto. Entre eles, o do professor José Luis Orihuela, que saiu no ElPais.

Para comentar sobre esse e outros assuntos relacionados à blogosfera, entrevistei Daniela Bertocchi, jornalista e mestre em Ciberjornalismo pela Universidade do Minho (UM), em Braga [Portugal], onde também ministra aulas. Daniela mantém e participa de diversos blogs e projetos online, aqui, no Brasil, e em Portugal. Um dos mais interessantes e conhecidos é o blog coletivo Intermezzo, um dos pioneiros sobre mídia no Brasil.

1) Qual a avaliação que você faz sobre esses 10 anos de blogosfera?

Em dez anos muita coisa mudou. No começo, ninguém sabia o que era blog. Engraçado observar as matérias sobre o assunto publicadas àquela época nos meios de comunicação social. Todas começavam explicando o que era um blog, que a palavra surgia a partir de “web” + “log” e por aí afora.

Hoje, a estória é outra. O conceito disseminou-se. A cada segundo um blog é criado e isso não é uma frase de impacto, são as estatísticas recentes, de 2006. Os blogs deixam, cada vez mais, de estar à margem das mais importantes discussões políticas, econômicas, culturais etc. e, por muitas vezes, chegam a ser o seu centro.

Mas gostaria de voltar ao que disse: o conceito de blog. Porque, no fundo, é isso mesmo. O blog pode ser usado para qualquer coisa: receitas culinárias, diário pessoal, publicação de notícias. Serve à comunicação, à relação interpessoal, à criação de comunidades.

Pessoas, empresas e instituições se apropriaram desta idéia para se expressarem publicamente na rede, consoante os seus interesses. Isso é algo a ser considerado. Houve sim um alargamento do espaço informativo e opinativo com os blogs nestes dez anos. O mesmo está ocorrendo com os podcasts.


Dave Winer, um dos pioneiros nos blogs

É como o caso do RSS também. Dave Winer, um dos mais antigos blogueiros norte-americanos (senão o mais), colunista do DaveNet desde 1994, simplificou a versão RSS 0.9 que havia sido desenvolvida pela Netscape em 1999 e a popularizou entre os blogueiros. A idéia poderia ter morrido a meio do caminho, nunca ter vingado.

Mas em 2004 a versão 2.0 do RSS, finalizada pela empresa de Winer, foi adotada pelo The New York Times. A coisa, enfim, foi ganhando fôlego, pouco a pouco.

O que quero dizer, no fundo, é que, nesta análise de 2007 como o marco histórico dos blogs, mas interessante que colocar o foco na tecnologia em si (em suas facilidades de publicação) seria perceber que os blogs tornaram-se um “fenômeno” porque muitas e diferentes pessoas espalhadas pelo planeta compraram a idéia.

Os blogs participaram da estória do 11 de Setembro, 11 de Março, ataques de Londres, Guerra do Iraque, Tsunami; de eleições, cimeiras etc. Criam uma rede de narrativas e opiniões individuais e coletivas. E isso aconteceu (somente) em dez anos.


O Engadget virou loja?

2) Você acredita que, nesse meio tempo, muitos blogs - Engadget, BoingBoing, Gizmodo etc. - estão se tornando marcas ["grifes jornalísticas"] como as de uma revista ou jornal consagrados?

Sim. Ninguém está nesta vida a passeio. Estão a construir suas “marcas” a partir das mesmas estratégias de revistas e jornais consagrados: credibilidade, autoridade, respeitabilidade, rapidez, produtividade (capacidade de fornecer informaçõs em quantidade e qualidade). E estão a conseguir.


Blog coletivo Intermezzo

3) Aqui, no Brasil, existe o costume de falar "blogosfera brasileira" ou ainda "serviço voltado para blogueiros brasileiros". Você não acha esse tratamento um pouco errado? O correto não seria "blogosfera em português", pois o que separa os blogs não são as diferenças geográficas, mas sim as de idiomas?

Muito boa essa pergunta, Tiago. Curioso que acho que não conseguiria responder a essa questão com propriedade não fosse eu estar em Portugal há quase 3 anos e conviver não apenas com portugueses, mas com cabo-verdianos, angolanos etc.

Tenho duas coisas a dizer. A primeira: o erro, na verdade, não é esse; o equívoco é achar que o que separa os blogs é a fronteira do idioma. A segunda: além disso, os motivos comerciais - imperativos no mundo de hoje - justificam o uso da expressão “blogosfera brasileira”. Explico a seguir cada uma das minhas suspeitas.

Em primeiro lugar, o que separa os blogs é a fronteira cultural. E o idioma está incluído na cultura, junto com uma data de outros componentes bem complexos (como “identidade”, por exemplo). Ocorre que somos, hoje, 210 milhões de falantes da Língua Portuguesa em 8 países do mundo.

Trata-se do que poderíamos chamar de um “espaço multicontinental” de mesma língua. Todos os que falam o português são lusófonos, obviamente. Assim, todos os blogs em português – criados e mantidos ou no Timor, ou em Cabo Verde ou em Angola ou noutros sítios – poderiam, por defeito, integrar-se numa blogosfera em português.

E por que não a formam? Por que não conseguimos levar essa expressão adiante? Porque não partilhamos a mesma cultura, a mesma realidade, a mesma identidade, o mesmo modo de expressão, os mesmos problemas cotidianos.


Bertocchi: "o que separa os blogs é a fronteira cultural"

Não existe uma coesão entre este “nós” lusófono. Logo, não existe uma coesão entre estes blogs. (Quando falo em coesão, falo em força de atração, naquilo que os une).

A blogosfera de Portugal, por exemplo, possui características muito diferentes da brasileira; os blogs aqui tendem a ser super opinativos, analíticos e teóricos (poucos são informativos) em comparação com os do Brasil.

Falar em “blogosfera em português” só seria possível se desconsiderássemos completamente essas grandes diferenças culturais e optássemos por considerar apenas a questão linguística da coisa. Ou seja, falam a mesma língua e pertencem à mesma blogosfera. E nada mais. O problema é que o fato de falar um mesmo idioma não cria um sentimento de comunidade. E os blogs, como sabemos, alimentam-se deste sentimento.

Em segundo lugar, faz todo o sentido falar em “blogosfera brasileira” ou “serviço voltado para blogueiros brasileiros” quando pensamos que o Brasil é um mercado gigante e promissor. Daqueles 210 milhões luso-falantes que citei, nós, os brasileiros, somos 170 milhões. Além disso, estamos muito à frente em questões de acesso a Internet em comparação com Angola, Timor ou Moçambique, por exemplo.

Resumindo, acho perfeitamente compreensível o uso da expressão; embora, naturalmente, eu tivesse muito mais gosto em poder usar a expressão “blogosfera lusófona”.


Elpais e os seus blogs

4) De uns dois anos para cá, tem acontecido algo que sempre foi comentado no Intermezzo - colunistas de grandes jornais passaram a atualizar blogs. A chamada "grande mídia" está absorvendo os blogs. Como você vê tudo isso? Esses "blogs de jornalistas" são realmente espaços de conversações? E mais - o que difere o trabalho de um colunista de jornal do de um blogueiro?

Os media mastigaram e engoliram a idéia dos blogs depois que esta idéia já tinha vingado fora do círculo dos media e já parecia apresentar apelo comercial o suficiente para ser viabilizada por eles.

Os primeiros blogs são de 1997, como toda a gente sabe. Em 2002, um blog era criado a cada 5,8 segundos. Isso nunca mais parou. Mas os jornais começaram a criar blogs muitos anos depois disso tudo, já a partir de 2003 e 2004. Mas muitos só em 2005.

Fiz um levantamento dos blogs do Brasil, Portugal e Espanha em Setembro de 2006 para o meu mestrado. Alguns dados, para termos uma noção do que falo. O espanhol El Mundo, por exemplo, entre 2004 e 2006 lançou 34 blogs. Houve (e ainda há) por lá de tudo e para todos os gostos: blog de jornalistas, outros temáticos e ainda alguns criados a propósito de eventos pontuais (“Un español en el Katrina”; por exemplo). A atualização de muitos não é constante.


Un español en el Katrina

O El Pais começou em 2005 e, até a data que apurei, tinha 11 blogs – curiosamente, 3 literários. Em Portugal, o Público passa à frente de outros diários generalistas: são, ao todo, 11 blogs e, neste rol, destaca-se o “O blog do Provedor dos Leitores” (ombudsman do jornal).

No Brasil, o jornal O Globo, entre 2003 e 2006, lançou 39 blogs. O jornal não efetua uma divisão aparente entre blogues de colunistas e os temáticos (ou de outra natureza) mantidos pelo portal Globo.com, mas todos os links para blogs do portal lá estão.

O número de blogs é muito elevado nos meios de comunicação com presença na web. Respeitadas as devidas diferenças editoriais e culturais, a impressão com a qual fico é a de que era preciso “entrar na onda”.

Mas entraram na onda sem se deixarem contaminar pela cultura digital. Os jornalistas criam e mantêm os seus blogs nos “big media” seguindo mais a lógica da cultura do jornal impresso. Ou seja, mantêm, de fato, colunas.

Neste sentido, para muitos meios, blog foi apenas uma maquilagem nova para uma velha idéia: a idéia de se fazer uma coluna de opinião. Logo, não são espaços de conversação; não fogem à lógica de comunicação unidirecional.


11 de setembro - o "BigBang" dos blogs

5) Quando eu comecei, em 2003, e acredito quando você começou a blogar em 2001, era muito comum os blogs serem tratados como "diários de adolescentes". Blogs mais sérios eram vistos um pouco como estranhos no ninho. Alguns até com baixa aceitação. Você não acredita que hoje está acontecendo o contrário? Parece que todo blog tem uma certa necessidade de ser sério, produzir conteúdo noticioso e próprio, e blogs descompromissados ou em formato de diário ficam um pouco de lado, não são mais uma referência?

No Brasil, de fato começaram como uma atividade juvenil, lúdica, descompromissada. E, depois, criou-se essa necessidade de seriedade, compromisso. E penso que isso seja uma influência direta dos blogs de jornalistas sérios criados nos meios de comunicação social presentes na rede em relação ao restante dos blogs.

Parece que agora ouço “blogar agora é importante, coisa de gente séria”. O fato é que não fui nem mais nem menos séria do que costumo ser ao criar a minha conta no Blogger em 2001, antes de tudo isso ser “coisa de gente séria”.

Em Portugal, entretanto, o movimento dos blogs já começou mais sisudo. Um marco na história da blogosfera daqui é a criação do blog “Abrupto”, de Pacheco Pereira, um comentador político, formado em filosofia, um homem que já foi deputado; ou seja, não dá para falar, para este caso, que blog foi coisa de adolescente. Na Espanha, para terminar com um terceiro exemplo, vejo uma blogosfera feita maioritariamente por gente que já desde há tempos está familiarizada com a rede e que gosta de manter um nível de qualidade nas postagens.



Peguei dois exemplos para comparar com o Brasil, mas poderíamos ficar a vida aqui a fazer comparações. Daí podemos deduzir também que os dez anos não foram iguais em vários cantos do planeta e que a percepção de que as pessoas têm a respeito do que seja e para que serve um blog pode alterar-se bruscamente de sociedade para sociedade. Não dá para generalizar.

6) Como você acredita que serão os blogs daqui a 5 anos?

Os bons ficarão melhores. Os ruins continuarão engrossando o lixo da rede.

7) Ah, só por curiosidade - você se lembra do primeiro blog que visitou? ;)

Como eu disse no início desta entrevista, há dez anos ninguém sabia o que era blog. Se naquela época, lá pelos idos de 1997, eu me deparei com algum pela web, certamente que não o identifiquei como tal. Tenho somente um registro emocional em minha memória. Lembro-me, por exemplo, de em 2001 ver o blog Jornalismo e Comunicação e pensar: “putz, é algo assim que quero fazer”. Não cheguei completamente lá, mas sigo tentando com o blog coletivo Intermezzo. Sigo, enfim, blogando.

* Confira outras entrevistas com autores de blogs.

+ Gabriel Pillar [1984 - 2006], do Insanus
+ Tiago Casagrande, da Verbeat
+ Alexandre Inagaki, da Interney Blogs

enviada por Tiago Dória
(comentar | 1 comentário) | (envie esta mensagem) | (link do post)



12/03/2007 10:40

6 Billion Others



Em 2003, o fotógrafo francês Yann Arthus-Bertrand iniciou o documentário 6 Billion Others, com a intenção de montar um "retrato da sensibilidade e da individualidade humana".

Seis diretores estão encarregados de viajar pelo mundo recolhendo depoimentos de pessoas comuns, que respondem a simples perguntas sobre sua família, experiências, medos e o sentido da vida. Vários trechos do documentário são postados aos poucos no site oficial.

Até agora, mais de 65 países foram visitados e 6 mil pessoas entrevistadas. Eles inclusive já passaram pelo Brasil. Entrevistaram Silvia, cantora de jazz, que nasceu no norte de Minas Gerais. O material está no ar [clique em portraits].

Nenhum comentário: